O Peru é um destino que todo turista com espírito aventureiro sonha em conhecer. Esta é uma viagem que te leva para um dos países mais espetaculares do mundo e com certeza vai te proporcionar centenas de fotos incríveis. Este país com uma extensão de 1.285,000 km quadrados possui uma grande variedade de temperatura, incríveis paisagens, e um variado ecossistema.
Na costa do Pacífico, o clima é desértico, e quase nunca chove. Na serra e montanhas, (Andes ) bem como na selva, existe a temporada de chuvas, que é a estação mais quente do ano, e é muito frequente a ocorrência de inundações, no período que vai de Novembro até Março.
A época de menos chuva nas montanhas e no altiplano peruano é entre os meses de Maio a Outubro. Portanto, se você está planejando viajar pelo interior do Perú e em especial para Cusco e Machu Picchu, a melhor época do ano é entre os meses de Junho a Setembro.
Nós escolhemos o mês de Junho, e fomos muito bem recompensados, pois pegamos uma leve garoa em Machu Picchu apenas meio dia. O restante da viagem de 25 dias foi com tempo bom, sol e temperaturas agradáveis.
A maioria dos turistas que viajam para o Peru, normalmente têm em seu roteiro de viagem Lima, Cusco e Machu Picchu. Nós decidimos fazer uma viagem completamente diferente, com o objetivo de conhecer o Peru por inteiro, principalmente o interior, o altiplano, montanhas, canyons, planícies, linhas de Nasca, Titicaca, deserto, litoral e quase todas as cidades do interior, vilarejos e principalmente interagir com o povo peruano.
Quase tudo o que vimos nestas três semanas nos surpreendeu muito. A simplicidade e a gentileza do povo peruano nos comoveu muito. Mesmo vivendo lá no interior quase perdido no meio das montanhas mais altas dos Andes, no altiplano , ou no deserto, as pessoas são muito amigáveis, gentis, simples, com seus costumes e cultura muito bem preservados e sempre dispostos a te ajudar no que for preciso sem segundas intenções. O povo peruano definitivamente nos cativou.
NOSSO ROTEIRO PELO PERU
1-LIMA.
Não faça de Lima apenas uma conexão para Cusco. Esta cidade merece pelo menos uns dois dias inteiros ou mais.
Lima está situada a nível no mar, na árida costa do Pacífico. Tem um centro histórico muito bem preservado, o qual deve ser explorado a pé , sem pressa.
Estando em Lima, não deixe de conhecer a maior coleção de arte pré-colombiana das américas, que conta a história dos povos que aqui viveram há mais de 5000 anos.
ONDE FICAR EM LIMA
Nós ficamos em Miraflores, e recomendo muito. Um bairro muito seguro, tranquilo, limpo, com muitos hotéis e restaurantes. Uma das melhores regiões para se ficar em Lima. Existem outros bairros ao lado de Miraflores que também são uma boa opção. São: Bairro Barranco e Bairro San Isidro.
Para dois dias de Lima, recomendo algumas opções para visitar:
1- CENTRO HISTÓRICO
O ponto de partida para o centro histórico pode ser a Plaza Mayor, que eles chamam também de Plaza de Armas. Desde a década de 90 este lugar está em constante reforma depois que foi declarado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. Nesta época era perigoso caminhar por estas redondezas, mas após o processo de recuperação, tornou-se uma referência turística de Lima.
Ao redor da Plaza Mayor estão algumas das mais importantes edificações do perú.
1- Palácio do Governo
2-Catedral de Lima
3-prefeitura de Lima
4-Convento e Basílica de San Francisco
5-Não deixe de caminhar por toda a Passage de Santa Rosa com muitos restaurantes e lojinhas simpáticas.
2-BAIRRO BARRANCO E MIRAFLORES
O Barranco, é o local mais boêmio da capital do Peru. Bairro localizado no lado sul de Miraflores , atrai muito os turistas pela sua infraestrutura de restaurantes e bares. A vida noturna por aqui é bastante agitada. Descendo as escadarias você vai direto à praia de águas geladas do Pacífico. Já o bairro de Miraflores, é o destino mais turístico e sofisticado de Lima. É onde se encontram as melhores lojas, shopings, hotéis e restaurantes da capital.
Uma boa pedida, é alugar uma bicicleta e sair pedalando pela ciclovia no alto do barranco. Com meia hora de pedal você estará no Parque del Amor. Foi inaugurado no dia dos namorados, por isto eles também o chamam de parque dos namorados. Com muitas obras de arte,esculturas, mosaicos e uma vista panorâmica espetacular faz deste local um dos pontos favoritos dos turístas que visitam Lima.
3- PARQUE LA RESERVA/ CIRCUITO DAS ÁGUAS
Bem localizado, fica praticamente no centro da cidade. Um bom lugar para caminhadas, passeio, e à noite um belo show de luzes e cores em fontanas de água, formando figuras geométricas e desenhos. Horário dos shows, das 19 às 21 hs de terça a domingo.
4-RUINAS PRÉ INCAS
Sítios arqueológicos ainda em escavação da época anterior aos Incas. Os principais sítios são:
1- Pachacámac.
Distante em torno de 40 km de Lima, Puchacámac foi o principal santuário da costa central por mais de mil anos, e seus templos eram visitados por multidões de peregrinos na época dos grandes rituais andinos, por que Puchacámac era um oráculo capaz de prever o futuro e controlar os movimentos da Terra. Puchacámac significa “alma da terra ” aquele que anima o mundo. As ruinas já descobertas datam do século III e II aC. até o século III. O ideal para visitar este sítio arqueológico é você contratar um guia especializado, assim ele te conduzirá às ruinas mais importantes e enquanto isto vai te contando a história desta civilização extinta. Foi o que fizemos.
5- MUSEUS
Em Lima, existem dezenas de museus para todos os gostos. Para o turista que quer conhecer um pouco da história e da cultura deste povo, recomendo no mínimo uma visita ao Museu Larco. Este Museu está rodeado por lindos jardins em um ambiente fascinante que te mostra mais de 5000 anos de história do antigo Peru. Uma visita de meio dia encerrada com um almoço ou café nos restaurantes dos jardins deste museu é uma ótima pedida para quem associa turismo com cultura.
2-CUSCO
Depois de dois dias de Lima, está na hora de subirmos para a altitude de 3500 metros de Cusco. São apenas 1h30m de viagem e você não sente de imediato a diferença de altitude. Ao desembarcarmos em Cusco, fomos direto para nosso hotel, sendo que na chegada nos pediram para sentarmos numa grande sala na recepção onde nos serviram de imediato um belo chá de coca. Nos disseram que era para irmos nos acostumando com a altitude. Depois de um descanso de uma hora, caminhamos apenas uma quadra até a praça central de Cusco para conhecermos e vermos algum artezanato local. Não passou mais que uma hora, e minha mulher estava quase desmaiando dentro de uma loja. Comprei alguns tubos de oxigênio e mesmo assim não adiantou muito. Foi então que uma senhora peruana que trabalhava nesta loja, me pediu para cuidar de minha mulher. Depois de alguns minutos, mastigando folhas de coca que ela lhes deu, já estava pronta para continuar passeando pelo centro histórico, mas caminhando devagar sempre. Com o casal que viajava com a gente, o problema aconteceu à noite, quando nossa amiga quase não dormiu a noite toda, com fortes dores de cabeça, um tipo de enxaqueca, este é o “Soroche”, o mal da altitude.
Relato esta nossa experiência apenas como um depoimento, para que as pessoas que vão para grandes altitudes pela primeira vez, se protejam e planejem um período de adaptação com cuidado para aproveitar melhor a viagem.
Em Cusco, cada canto conta uma história, e esta, é sempre mística,cativante e convidativa. Em suas “ruazinhas”, o tempo parece ter parado, cada esquina te oferece um pedaço de história, e as pedras, e que pedras ! permanecem vivas porque sobreviveram intactas até hoje.
Esta cidade que testemunhou a chegada dos espanhóis, conserva uma magia ancestral que cativa os milhares de turistas que a visitam a cada ano. É Reconhecida como a capital histórica do Peru, conhecida como o umbigo da Terra.
Nós ficamos dois dias inteiros em Cusco, um para nossa aclimatação, e o segundo para caminharmos pelas centenas de ruazinhas da cidade explorando desde as lojinhas de artezanato, restaurantes, cafés, Igrejas, Museus, e a incrível arquitetura desta cidade.
Foi no segundo dia que escolhemos nosso amigo “Guia Inca” que iria nos acompanhar pelos próximos dois dias em viagens pelo Vale Sagrado.
O Vale de Urubamba ainda é considerado sagrado pela população local, e seu ar de misticismo pode ser sentido por todos os lugares. Só estando lá para você entender isto. Em palavras é difícil explicar. A agricultura rural e as comunidades de tecelagen mantiveram inalterados seus costumes e tradições ancestrais.
As paisagens do Vale Sagrado irão te surpreender, são de uma beleza ímpar, com uma geografia variada e um colorido que só se encontra aqui. Se a sua paixão também é cultura, esta viagem pelo Vale Sagrado vai te levar para incríveis sítios arqueológicos Incas, muito bem preservados e repletos de muita história.
Mas para que você aproveite de verdade todo este tesouro da natureza e de cultura, eu recomendo que faça como nós. Contrate um guia especializado, de preferência exclusivamente para você, e verás que no final, foi o melhor investimento que fizeste. Pegamos referência em nosso hotel.
O Vale Sagrado deve ser explorado com calma, é um pedaço do Perú muito especial, com muita história, cultura e beleza, coisas que você vai levar em seu coração para o resto de seus dias.
Para um roteiro de dois dias pelo Vale Sagrado, nós exploramos oito destinos que são os mais importantes e que listo a seguir, vilarejos e sitios arqueológicos:
Pisac, Saqsayhuaman, Qenqo, Puka Pukara, Tambomachay, Ollantaytambo, Maras Moray, Chinchero.
Nestes dias de Vale Sagrado, você vê as belezas dos terraços agricolas de Moray e Pisac , os quais funcionavam como laboratórios dos povos incas na produção de milho e batata .
Em outros, a engenharia inca, única no mundo, que conseguia colocar pedras de até 150 toneladas em posição impecável até para os dias atuais para as construções de templos e casas.
Já em Maras, você terá uma visão impressionante de mais de 5000 tanques de extração de sal, que mantém as mesmas técnicas da era pré Incas. A água salgada que brota nos morros em fontes no meio de pedras, é canalizada para os tanques e a partir da sua evaporação se consegue o sal.
Fiquei impressionado com o gigantismo dos sitios arqueológicos de Ollantaytambo e em especial o de Pisac. Em Pisac, um complexo arqueológico extraordinário que se divide em vários setores de edifícios , túneis, templos, torres,aquedutos, cemitérios e terraços agricolas. Você volta na história e se sente abraçado por esta impressionante maravilha Inca.
Depois de dois dias em Cusco e mais dois dias pelo Vale Sagrado, já nos sentíamos bastante aclimatados com a altitude andina. Na maioria das minhas viagens costumo levar meu chimarrão, um costume que tenho desde criança. Nesta altitude nosso chimarrão foi muito útil, porque dentro da garrafa térmica com água quente, sempre era colocado folhas de coca que compramos nas farmácias de Cusco. Durante o dia tomamos chimarrão direto, com o chá de coca. Isto nos permitiu rodarmos todo o Peru em altitudes de mais de 5000 m sem nenhum problema do mal da altitude, como dores de cabeça, enjôos, falta de ar, desmaios….
No quinto dia foi a vez de embarcarmos no trem que nos levou para Machu Picchu. Existem duas empresas que fazem esta viagem de Cusco até Aguas Calientes. Não vimos diferenças entre ambas, apenas as questões de horários. Escolha o horário que melhor lhe convier sem se importar com a empresa. Recomendo pegar o primeiro horário da manhã para Águas Calientes, pois a viagem dura em torno de 4 horas e você vai chegar perto do meio dia.
MACHU PICCHU / AGUAS CALIENTES
A cidadezinha de Aguas Calientes não tem nada demais. É apenas a base para se fazer refeições e dormir para os turistas que vão para Machu Picchu. Para comprar seu ingresso ao Santuário Histórico, recomendo que o faça com antecedência para não ter a surpresa de chegar lá e ter o limite diário esgotado. Atualmente o limite de tempo que você pode ficar em Machu Picchu é de 4 horas. Portanto, se quiser ficar o dia todo, deve comprar dois ingressos um para o período da manhã e outro à tarde, ou comprar um para as ruinas e outro para a montanha.
Para subir a montanha sagrada de Huayna Picchu, você deve se programar e comprar seu ingresso com bastante antecedência, pois o limite de pessoas é de 200 pela manhã e 200 à tarde. Se deixar para comprar no dia possivelmente estará esgotado.
Machu Picchu foi descoberto em 1911, e atualmente é Patrimônio da Humanidade. A cidade histórica é dividida em dois grandes setores, o da agricultura, com uma grande rede de terraços agrícolas e plataformas artificiais, e o urbano, com maravilhosas edificações como o Templo do Sol.
No topo da montanha, blocos de pedras gigantes se encaixam perfeitamente, sem nenhuma argamassa, formando um dos mais importantes centros religiosos, políticos e culturais do império inca.
Lá dentro, sobre a grama verde dos terraços, a gente sente uma energia muito especial. Sem explicação, só indo para saber.
Nós planejamos ficar por dois dias em Machu Picchu . Nossa chegada foi por volta das 11 horas da manhã, fizemos o check in no hotel e fomos direto para a montanha.
Chegando lá, contratamos um guia turístico para nos acompanhar e nos detalhar toda a história da cidade sagrada. Isto levou a tarde toda, mas no final, ficamos muito satisfeitos pela aula de história de nossa simpática guia.
No segundo dia, tínhamos os ingressos para a subida da montanha sagrada de Huaina Picchu, aquela mais alta das fotos de Machu Picchu. Nossa entrada foi por volta de 08,00 hs no portão da montanha e levamos umas duas horas para alcançar o topo. É uma trilha de alta dificuldade e em certo ponto perigosa para quem não tem experiência. Em certos pontos,a largura da trilha não passa de 1 metro, com cordas de aço para segurar ao lado da montanha, e no outro lado, queda livre vertical de 400 a 600 metros. Portanto, se você sofre de vertigem ou não consegue controlar seu medo de altura, não vá. Encontramos diversos turistas que abortaram a subida por estes motivos e estavam retornando antes de alcançar a metade da montanha.
Após duas horas, chegamos ao cume, com neblina que estava se dissipando, e logo abriu para nos deliciarmos com a vista de Machu Pichu lá embaixo. O tempo permitido para sua permanência no cume da montanha sagrada é de 4 horas, o suficiente para descansar, fotografar, fazer o lanche de almoço e acima de tudo, sentir uma energia indiscretível deste lugar. O topo desta montanha é um lugar para aventureiros . Vá.
Nossa descida foi mais rápida, e meia tarde estávamos de volta dentro da cidade histórica. Foi a vez de revermos muita coisa, desta vez sem a guia do dia anterior. No final da tarde, após outra trilha até a Ponte del Inca, só nos restou nos deitarmos na grama dos terraços e meio que apagar por um bom tempo. Machu Pichu é um dos santuários que estive, que tem um lugar especial no meu livro de viagens e no meu coração.
Depois de dois dias de Machu Pichu retornamos para Cusco onde retiramos nosso carro 4×4 para continuar viagem de volta para Lima através do altiplano peruano.
PUNO – LAGO TITICACA
De Cusco a Puno são 400 km de estradas entre montanhas e vales dos Andes paruanos. São aproximadamente 8 horas de viagem com tempo bom. Nós gastamos o dia inteiro neste trecho e chegamos em Puno ao anoitecer. Escolhemos um hotel bem perto do lago para facilitar nossa logística em Puno.
A cidade em si não tem grandes atrativos. O ponto alto de Puno é o Lago Titicaca. O Titicaca está a 3800 metros de altitude e sua superfície é de 8300 kilômetros quadrados. Sua profundidade chega a quase 400 metros e a temperatura da água varia de 5 a 10 graus, proveniente do degelo das montanhas andinas.
Dezenas de ilhas artificiais ou não, fazem parte deste mitológico lago andino. Aproximadamente a metade do lago pertence ao Peru e a outra à Bolivia. La Paz, capital da Bolívia esstá apenas 250 km de Puno.
O principal atrativo dos passeios pelo lago Titicaca são os povos Uros, um povo antigo que vivem nas ilhas flutuantes dentro do lago. Eles foram forçados a residirem dentro do lago quando os Incas invadiram suas terras . Os Uros usam a matéria prima mais abundante do lago, a Totora, um tipo de Junco, para fazerem quase de tudo. A partir da Totora é que são feitas as ilhas artificiais onde residem, os barcos, casas, móveis,artesanatos e a usam até como alimentação. Seus barcos têm uma forma muito peculiar, com cabeças de animais na proa e são usados para pescar, levar os turistas de uma ilha à outra e suas próprias locomoções e trabalho
Para fazer um passeio pelas ilhas do Titicaca, vá à uma agência de turismo em Puno que irão te oferecer muitas modalidades de passeios. Todos os passeios são acompanhados por um guia que vai te contando a história da formação das ilhas flutuantes, a origem e a cultura destes povos, suas lendas e costumes.
O tempo mínimo para este passeio é de 3 horas dependendo de sua escolha. Existem passeios de dia inteiro pelo lago e ilhas.
É quase impossível você sair sem comprar algum artesanato destas simpáticas senhoras. Com esta atitude você estará ajudando na manutenção da sua cultura e sobrevivência.
CHIVAY – COLCA CANYON
De Puno, nosso próximo destino foi a cidadezinha de Chivay, no vale do Colca, no sul do Peru. Chivay é a entrada para o profundo desfiladeiro do rio Colca, um vale com remotas aldeias tradicionais com agricultura em terraços que antecede aos Incas. A oeste da cidade está o famoso Colca Canyon, onde os condores andinos fazem seu show diário num local chamado de Cruz del Condor.
O ponto alto destas viagens de carro, de maneira independente, é a possibilidade de poder parar onde, quando e por quanto tempo você quer, sem atrapalhar ninguém.
Este trecho entre Puno e Chivay são 300 km de uma impressionante vista da parte mais alta dos Andes, o altiplano peruano. Você sai de Puno a uma altitude de 4000 metros e para chegar em Chivay temos que dirigir em estradas a mais de 5000 metros de altitude. As diversas paisagens que vão se passando lado a lado da estrada te faz querer parar a todo momento para fotografar. Você está completamente imerso na natureza em sua formaa mais acessível e peculiar, com vistas nunca visto antes.
A 30 quilometros antes de chegar em Chivay você vai ser obrigado a parar no Mirador de Los Andes, um local onde pode se ver os cinco maiores vulcões dos Andes peruanos. Aqui você está a uma altitude de 5000 metros. Caso você esteja viajando há dias imerso nestas altitudes acima de 3 a 4mil metros, seu corpo já estará ambientado e praticamente não sentirá nada de estranho. Mas, se você estiver vindo de baixas altitudes como Arequipa, esteja preparado porque você sentirá o “soroche”, o mal da altitude, em que os principais sintomas são falta de ar, tontura, enjôo, dor de cabeça e não raro, desmaio. Sendo este seu caso, recomendo que tenha junto com sua mochila algumas garrafas de oxigênio e também alguns pacotes de folhas de coca para ir mastigando na viagem. Eu, como sou Dentista, já em Cusco, inventei uma maneira muito convencional de mascar as folhas de coca sem aquela sensação estranha. Comprei diversas caixas de chiclete Trident e enrolava diversas folhas de coca em quatro tabletes. Assim, ficava mascando como se fosse apenas um chiclete mas com todos os benefícios da folha de coca. Passei a viagem toda sem sentir absolutamente nada.
Estando em Chivay, a principal atração é sair bem cedo com destino ao Mirante Cruz del Condor para apreciar o vôo destas enormes aves que passam de 3 metros de envergadura das asas. As principais correntes de ar quente que passam pelo canyon são entre 8 e 10 horas da manhã. Este é o horário ideal para vê-los planando no ar.
De Chivay, nosso próximo destino é a cidade de Arequipa, distante apenas 170 quilometros. Vamos começar a descer a cordilheira no sentido litoral.
AREQUIPA
Arequipa é considerada a mais bela cidade do Peru. Quatro majestosos e imponentes vulcões rodeiam esta cidade como se a aconchegasse no colo.
O mais alto e majestoso destes vulcões, é o Ampato, com seus 6288 metros acima do nível do mar. Por causa de sua forma, seu nome significa “sapo”na lingua local.
O vulcão Chachani, irmão menor do Ampato, está ao sul com seus 6075 metros. Se você for bom em subidas, ele pode ser escalado em um único dia, sempre acompanhado por especialistas em escaladas. Seu topo está sempre coberto por uma geleira que está derretendo rapidamente devido ao aquecimeento global.
Um pouco mais ao sul, em qualquer lugar da cidade se destaca o majestoso vulcão El Misty, com seus 5825 metros.Devido à sua proximidade com a cidade, este é o vulcão mai fotografado e lembrado pelos turistas que visitam Arequipa.
E para finalizar o abraço vulcânico à cidade de Arequipa, mais ao sul do El Misty está o vulcão Pichu Pichu, com seus 5644 metros de altitude acima do nível do mar. Também é acessivel em apenas um dia de escalada.
Tudo isto, faz de Arequipa uma das cidades mais vulneráveis do mundo em relação à atividades vulcânicas. Caso o El Misty venha a erupcionar, as cinzas e pedras chegariam am centro da cidade em poucas horas.
Arequipa é conhecida como a Cuidad Blanca, por causa do tipo de pedras em que foram construidas a maioria de suas edificações, uma pedra vulcânica chamada de sillar, abundante na região.
Com uma população de quase um milhão de habitantes esta cidade está muito longe da correria e congestionamentos costumeiros em outras cidades. Seu centro histórico, Patrimônio da Humanidade desde 1990, está muito bem preservado, com edificações e monumentos históricos de uma arquitetura exepcional misturando estilos e características européia espanhola colonial, barroca, nativa e americana.
Ficamos apenas um dia em Arequipa, mas se tiver tempo, o ideal seria no mínimo dois dias. Para um dia, recomendo visitas em alguns pontos impredíveis como:
Praça de Armas – Fica no centro histórico da cidade. É a principal praça da cidade, e ao seu redor estão os mais importantes monumentos a serem visitados.É considerada a praça mais linda do Peru.
Catedral de Arequipa – Construção do século XVII, reconstruida diversas vezes devido a danos causados por terremotos. Ocupa grande parte do quarteirão da Plaza de Armas e se destaca pela sua imponência e tamanho. Seu interior chama atenção pela quantidade de ornamentos em ouro e estátuas de madeira que ornamentam a nave central.
Outros pontos a serem visitados são: Monastério de Santa Catalina, Igreja da Companhia, Museu de Los Santuários Andinos e se sobrar tempo, vá à Yanahuara, no bairro do mesmo nome, onde existe uma torre com arcos e casas coloniais do século XVIII. Local alto com bela vista para a cidade.
De Arequipa fomos com destino à Nazca, que fica 570 quilometros de distância. Seguindo no sentido sudeste pela rodovia 1S, chegamos à cidadezinha de Camaná, no litoral do Pacífico ao nível do mar, a apenas 180 km de Arequipa. Seguindo no sentido norte pela Carretera Panamericana Sul, a paisagem é sempre um deserto interminável com muitos vilarejos nos vales onde passam os rios de degelo dos Andes. Estes vales são verdadeiros Oasis em meio ao deserto, com uma agricultura bastante intensa contrastando com o amarelo das dunas e rochas deserticas nos arredores. No final do dia, depois de muitas paradas para fotos, Almoço e chimarrão chegamos em Nazca, uma bela cidadezinha que é a base para os turistas que vão conhecer as famosas Linhas de Nazca.
NAZCA
As linhas de Nazca, no sul do Peru, são um grupo de geoglifos pré-colombianos gravados nas areias do deserto. Sua área é de mais de 1000 quilometros quadrados onde existem cerca de 300 figuras diferentes, incluindo animais e plantas. Composto por mais de 10.000 linhas, algumas com 30 metros de largura e nove quilômetros de comprimento, são maravilhosamente vistas do ar, mas também podem ser vistas do mirante ou das colinas próximas.
Apesar destas incríveis esculturas ainda não terem uma data exata, se estima que elas foram feitas entre 500 a.C. e 500 d.C. pela cultura de Paracas que existiam naquela época. Acredita-se que as esculturas tenham um significado religioso para os habitantes de Nazca.
Se você quiser fazer um sobrevôo sobre as linhas, dirija-se às agencias de turismo onde te fornecerão todas as opções de sobrevôo, com diferentes trajetos, tempo de vôo e horários. Os bilhetes variam desde 100 e 300 U$ por passageiro dependendo de sua opção.
RESERVA NACIONAL DE PARACAS
Depois de um dia em Nazca, nosso próximo destino foi a pequena cidadezinha de Paracas, que é a porta de entrada para a Reserva Nacional de Paracas, distante 220 km de Nazca. A principal atração em Paracas é um passeio pelas ilhas Ballestras onde existe uma grande quantidade de vida marinha como leões marinhos,focas e pinguins. No centro da Reserva de Paracas tem uma pequena vila de pescadores ( Lagunillas) com uma dezena de restaurantes .
Por indicação de um amigo fomos ao restaurante Sol de Oro, onde comemos o melhor Ceviche do mundo. O prato é preparado na hora, com os ingredientes frescos e pescados no dia. Só o prato já valeu a viagem.
Para o acesso à vila, a estrada no meio do deserto de Paracas é sinalizada com pedras, mas em certos lugares esta sinalização é deficiente ou inexistente, então se você estiver com seu carro, como nós, tome bastante cuidado porque em certos momentos não se tem referências para onde ir ou para que direção.
Mas no final, a paisagem, as praias, enseadas, vila de pescadores, mirantes, falésias sobre o Pacífico, as ilhas e a própria aventura vai recompensar muito tudo isto.
Nossa última etapa de viagem foi o retorno para Lima. Distante apenas 280 km de Paracas a Carretera Panamericana Sur vai sempre costeando os barrancos do Pacífico com lindas paisagens por todos os lados. Muitos vilarejos de pescadores, artesanatos e agricultura nos vales irrigados.
O Peru com suas paisagens, seu povo, sua cultura e costumes sabiamente preservados, definitivamente nos encantou, nos cativou e como resultado desta experiência, com certeza retornaremos com muito mais tempo para interagirmos com a simplicidade deste povo . A energia que nós sentimos nos mais diversos lugares por onde andamos é uma coisa que não pode ser descrita em palavras, é simplesmente algo místico, talvez supremo, que faz deste povo simples ser tão querido pelas pessoas que por eles passam. Até a volta Peru.